quarta-feira, 18 de maio de 2011

Tudo se avaria nesta casa. Agora foi a máquina de lavar loiça. A minha mãe já ligou para o estabelecimento onde foi comprada, queixando-se da anomalia e pedindo assistência técnica, pois ainda está na garantia, ao que não teve boa receptividade, tendo-lhe sido negada a validade da mesma. A minha mãe tem a factura e o certificado de garantia mencionando as datas, ao que ela está correcta. Mas nem todas as pessoas são honestas e bons profissionais. Nada lhe custaria ligar ao fabricante e pedir que alguém se deslocasse para verificar o problema. Mais tarde percebi que a preocupação do lojista era outra; aquela fábrica tinha falido. Portanto teria de ser ele a assumir a reparação ou em último caso, a dar-nos uma nova.
É sempre muito aborrecido este tipo de situações. Mas o consumidor tem direito a reclamar e a exigir contrapartidas caso não tenham sido devidamente satisfeitas as condições previamente estabelecidas quando da aquisição de um bem de consumo ou de um serviço prestado. Todo o consumidor deverá ter acesso à justiça, recorrer a um serviço autárquico ou a um tribunal arbitral, para garantir a reposição dos interesses lesados. É um dever reclamar, de forma que outros não venham, também e futuramente, a ser prejudicados.
«Como vamos agora resolver este assunto, meu filho?»
«Irei fazer uma reclamação por escrito. Tenho trinta dias. E enviarei em carta registada, solicitando uma solução para o problema, fixando um prazo, para obter resposta. Se, por alguma razão, a resposta não nos for favorável recorreremos ao Serviço de Defesa do Consumidor, solicitando a apreciação do caso, que pedirá então esclarecimentos à empresa que nos vendeu a máquina, que terá, dez dias para enviar as informações solicitadas. O último recurso será o tribunal judicial.»
«Penso que não haverá necessidade de ir tão longe.»
«Acredito que não se chegará tão longe e que haveremos de chegar a um entendimento. Ele reflectirá melhor depois de receber a carta. Nós não estamos a pedir nada que não seja legal, coerente e justo. Não estamos a pedir-lhe uma máquina nova, somente que verifique a anomalia e que a ponha operacional.
A minha mãe liga-me a todo o instante, por vezes nem se lembra que já tinha anteriormente falado e dito o mesmo, mas quando lhe chamo a atenção, desculpa-se com a minha fraca memória e que assim me quer lembrar das tarefas que me incumbe, que tenho de realizar. Ontem, saí para tomar café e ainda nem tinha acabado de o saborear, quando toca o telemóvel, com a identificação de chamada; Mãe.
«Sim, mãe, diga.»
«Ai, filho, tens de vir depressa. Recebi a factura da EDP e deve haver engano. Uma fortuna para pagar! E não te esqueças de comprar no supermercado o que te pedi.»
«Sim, mãe, eu vou já!»
Quando cheguei a casa, mostrou-me a factura e até eu me assustei. Tentei analisá-la para verificar se havia algum engano. Li o contador e comparei com os números mencionados no documento, na esperança que tivesse havido um erro de leitura, mas pareceu-me tudo bem, com excepção de alguns acertos, mas que eram pouco significativos, em relação ao valor total.
«Mãe, estamos a gastar muita electricidade!»
«Como assim?!»
«A mãe não se esqueça, que desde que começou o inverno tem sempre o aquecedor do quarto, dia e noite aceso, mais o da sala. Temos de optar por um novo sistema de aquecimento eléctrico, com regulação integrada, para fazer uma melhor gerência do consumo de energia. O João falou-me de uns novos aquecedores eléctricos de radiação infra-vermelha, que permite aquecer directamente as pessoas e os objectos, sem perda de energia no ar. É uma solução económica, para o aquecimento em grandes espaços ou os locais mal isolados. O aquecimento é produzido por painéis finos de grandes dimensões que contêm resistências que produzem um calor de radiação, sem prejuízo para o ambiente. Depois vai de uma casa para outra e esquece-se de desligar as luzes. A televisão também está sempre acesa, esteja ou não a vê-la. Assim, não pode ser, mãe! Vamos fazer um plano para baixar o consumo de energia nesta casa e a mãe vai ter que colaborar.»
«Sim! Mas como? Passando frio? Vivendo às escuras? Não vendo televisão?»
«Não, mãe! Que disparate! Em primeiro lugar, vamos substituir todas as lâmpadas existentes nesta casa, por lâmpadas, LED (Díodos Emissores de Luz), de baixo consumo. Para a cozinha há também novos modelos de lâmpadas fluorescentes compactas. Mas, primeira regra: Quando se sai de uma divisão, para outra apaga-se a luz. A mãe quando sai do quarto, para a sala, ou para a cozinha…Sai-a de onde sair e vá para onde for apaga sempre a luz. Está bem?»
«Sim, filho!»
«Temos de comprar electrodomésticos novos. O frigorífico já é muito antigo, precisa de ser substituído.»
«Ai, filho, um frigorífico tão bom! Como este já não se fabricam! Tenho-o desde sempre!»
«Por isso mesmo. É muito resistente, funciona bem, mas consome muito. Os equipamentos de frio são responsáveis por mais de 30% do gasto energético doméstico. Vale pena, agora, e por que é necessário, comprar novos electrodomésticos com as características aconselhadas para não só gastarmos menos, como também contribuir para a melhoria do eco sistema ambiental.»
«Como assim, filho?»
«Infelizmente as pessoas não têm noção da quantidade de energia que gastam e do que é possível economizar. Em média um família pode gastar cerca de 3000 KWh/ano, sendo esse consumo responsável pela emissão de mais de 1,5 toneladas de dióxico de carbono por ano. Agora, multiplica isso pelo número de casas em Portugal.»
Consegui impressionar a minha mãe. Ela interessa-se muito por questões ambientais e tem vontade em contribuir para o bem colectivo. Portanto, toquei-lhe ferida.
«Vamos também, comprar, como já lhe disse, aquecedores que consumam pouco. Mas, a mãe antes de se ir deitar, liga o aquecimento e fecha a porta do quarto, para quando for para a cama ter o quarto suficientemente aquecido e põe depois no mínimo, para que se mantenha a temperatura durante a noite. Mas primeiro teremos de estudar bem o assunto, para fazermos a escolha certa. Na sala a mesma coisa. Precisamos também de substituir algumas janelas da casa e optaremos por colocar as novas com vidros duplos. Também há portas que deixam passar o frio e terão de ser devidamente calafetadas. Vai ver, mãe, vamos passar a pagar muito menos, sem perder qualidade de vida; pelo contrário! Mas, há outra regra, que terá de cumprir; não me ligar a toda a hora para o telemóvel, com conversas de chacha

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