quarta-feira, 18 de maio de 2011

Penso. Esforço-me por me lembrar. Não é fácil ir ao início de mim e encontrar, para além de datas, que possam ter sido porventura significativas, erguendo, assim no tempo, uma história, tudo o que de importante vivi e que marcos influenciaram, sim, o meu crescer.
Vinte e tês de Fevereiro de mil novecentos e cinquenta e três. É esta a data, que consta na certidão de nascimento. Quando terei nascido aproximadamente um mês antes. Consta que a foi a vinte e três de Janeiro que mergulhei neste mundo e tive de começar, esta caminhada de ser humano; primeiro dependendo, depois, aprendendo, trabalhando, a ser independente e a inter-depender, a amar. Há cinquenta e sete anos que cresço. Todos os dias estou maior. Às vezes, acho-me ainda pequeno, quando olho à minha volta e para cima, e para trás, e para todos… Não que haja muita gente crescida, antes fosse eu pequeno, por tanta beleza que me envolvesse e por haver pessoas capazes de me esmagar por tamanhas virtudes. Olho o mundo e vejo-o cinzento e pobre, enfeitado por tecnologias, preenchido de tanto entretenimento, fácil de comunicar e percorrer, onde impera todos os dias a novidade, descobertas, mais informação, ofertas, a modernidade que se impõe ao que se persiste conservar… Esta é a minha idade, a do mundo cinzento.
Apesar de querer vencer pelo optimismo, mas escasseia o brilho nos olhos de tantos que por mim se cruzam. E apesar de tentar ser feliz e crescer todos os dias, e vencer os obstáculos, que me nascem no caminho, deparo-me com a minha maior fraqueza, os que se atrasam e não conseguem (sobre) viver e a meu lado se tentam segurar, quando já estão caídos, e sem rumo. E há os outros que ainda dificultam mais estes pobres infelizes, e sentem uma enorme satisfação, por sobre a sua desgraça terem algum poder, para que se sintam assim importantes e menos miseráveis, e gente.
E todos (sobre)vivemos, sem saber viver, viciados num amanhã que não existe. Por que o hoje, também não nos sobeja.
Tenho a idade do mundo cinzento, mas talvez para o ano, tenha a da primavera, e tudo recomece, para mim e para os que amo ou se deixem amar. E tenhamos a ambição de sermos todos grandes e bem crescidos para a idade do mundo e do Homem.

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