quarta-feira, 18 de maio de 2011

Esta noite tive um pesadelo horrendo. Sonhei que tinha havido uma revolução, a minha casa fora assaltada, vandalizada, estava a arder, a minha mãe fora presa e eu levado por um grupo de revolucionários, fanáticos, para ser sujeito a um julgamento popular. Os rostos eram-me desconhecidos. Era como se estivesse na terra que sempre conhecera, mas com a gente errada. Não percebia o que me iriam fazer, nem onde estava a minha mãe. Não conhecia ninguém.  Ouvia crianças a chorar, velhos a gemer, outros tremendo de frio, com fome. Não havia nada que comer, água… Era o inferno! Acordei sobressaltado e fiquei mais tranquilo, por a minha realidade se sobrepor à outra, que me parecia bem mais realista, insofrível. Depois do pesadelo, uma insónia. Levei quase o resto da noite a pensar sobre complexidade da natureza humana e quantas pessoas, não estariam naquele momento a ser vítimas de guerras, de catástrofes, de fome, de injustiças, de fanatismo…Sem terem a possibilidade de acordar desse pesadelo e haver esperança de salvação.
A humanidade já passou por muitas guerras. A nossa civilização judaica/cristã, tem um historial bem marcado por conflitos, que ainda estão bem acesos no Médio Oriente. O povo judeu e a Terra Prometida, os palestinos defendendo o seu sagrado chão. Tivemos períodos negros, profundamente medonhos. A Santa Inquisição terá sido terrífica na aplicação da divina justiça, com o poder, também divinamente concedido. Parece não haver memória colectiva disso, como se tivesse sido há muito tempo. Já nem nos lembramos da 2ª Guerra Mundial, que foi ontem. Nem do 25 de Abril, que aconteceu a bocado.
Às vezes penso, que o objectivo do grande Império Romano, se concretizara, não na totalidade do mundo, mas se terá espalhado a todos os cantos da Terra. Flavius Valerius Constantinus, o primeiro imperador romano dito, cristão, terá conseguido inverter o destino de um império decadente, convertendo o poder terreno, por um “poder eterno”, temporal. E a igreja de Roma se tornara assim arma de conquista e de força, desencadeando ao longo da história tantas atrocidades e guerras, em nome Daquele que lutou pela igualdade entre os homens.
No mundo árabe, a religião também domina sobre a liberdade do Homem sendo quase sempre, adaptada às circunstâncias do momento, adulterada, na sua essência, por quem quer ter a supremacia e esmagar todos os que não se convertem à interpretação dada do Alcorão. E a ambição serve-se da mensagem sagrada, proferida pelo grande profeta Maomé, ou por Jesus, ou Buda…, para ter autoridade, manipular, reinar, seja a que preço for.
Nada pior do que o fanatismo e o aproveitamento de quem crê, de coração aberto, ou se deixa influenciar pela falsa doutrina, por necessidade, ingenuidade, interesse, compensação…E se torna prisioneiro de si, sem se permitir ser o que pressente e o que lhe é clamado, desde o início.
A ambição do Homem não tem limites e faz dele o grande predador de todos os reinos da vida; ele destrói florestas. A Amazónia, o pulmão do nosso planeta, está a ser devastada, em detrimento de grandes interesses económicos, o comércio de madeiras. Mas aqui perto, no Parque Natural da Serra da Arrábida, continua-se a permitir a destruição de um bem comum, património natural de todos nós, por que outros interesses dominam a realidade da nossa sociedade; a economia. Ele mata animais, não somente para se alimentar, mas por prazer, ignorância, pelo lucro… Agora, já está proibido, o comércio de marfim.
Mas, possivelmente ainda há quem se orgulhe de ter um dente de elefante em cima de um qualquer móvel, em casa. Ou a sua pata a fazer de cinzeiro. Ou a cabeça do rei da selva na parede da sala, como troféu, prova mais que suficiente, da coragem de seu caçador. Há ainda quem acredite nas propriedades milagrosas do dente de rinoceronte, para potencializar a sua função sexual, a virilidade. Tanto disparate!
A consciência sobre os problemas ambientais e a necessidade urgente de preservar o planeta é cada vez maior. O Homem percebeu que, se não fizer nada, para melhorar o seu habitat, a sua espécie correrá o risco de se extinguir; ecologista, q.b.! Não a Terra e outras espécies. Essas evoluirão.
Aqui em casa, há muito, que separamos o lixo. Quando tive essa ideia, achava a minha mãe que era um disparate. A resistência que ofereceu. Mas acabou por aderir e perceber que, se cada um contribuir, os benefícios serão rapidamente mais evidentes, para todos. Os banhos de imersão acabaram. O duche é sem perder tempo, gastar muita água. Aproveita-se a água de lavar a louça, ou roupa, quando a lava à mão, para a sanita. Sinto-me melhor desde que reduzi o consumo de carne. Principalmente de carnes vermelhas. A minha mãe também deixou de ter tantos problemas digestivos. Mas o pior foi quando a convenci a destruir o casaco de peles, que o meu pai lhe oferecera, no primeiro aniversário de casados. Só ao fim de uns meses o fez.
Os tempos são difíceis. Mas deveremos tentar inverter o sentido ao que está mal, contribuir para a mudança, ter um papel activo, como cidadãos, que somos, com deveres e direitos. É importante ajudar os que não sabem, antes de criticar, chamar a atenção, para que tomem consciência dos problemas e livremente façam escolhas…
Uma guerra, só acontece quando cada um de nós abdica de guerrear contra ela.
Ainda há heróis! Alguns habitam-nos. Outros, estão adormecidos. Nem sempre é a coragem que os desperta, mas o medo. A guerra faz parte da vida de todos, alternando com momentos, poucos de paz, quando o Homem percebe que, com a guerra, ninguém ganha. E procura desiludido esquecer a sua arrogância e estupidez. A coragem somente serve a paz. E a todas as horas deveremos ser corajosos.
Eu ainda sou do tempo da Guerra do Ultramar. Não cheguei a embarcar, para as colónias. Mas muitos lá ficaram, como defensores da vontade do(s) home(m)(ns), que governava(m) a nossa Pátria. E ainda hoje, os que estiveram em África, mesmo que não tenham sofrido danos físicos, depois de regressarem nunca mais conseguiram ter paz. Lembro-me de me ser dito, que era a tropa que fazia de nós rapazes, homens. Achava aquilo, um disparate. Não me fazia nenhum sentido. Ainda hoje, me continua a não fazer.
Este país com tantos séculos, que já conta, passou por períodos muito difíceis. Mas desde as invasões francesas, que se entrou num declínio, sem grandes esperanças de crescer; as invasões, a transferência da família real para terras de Vera Cruz, a revolução liberal do Porto, a independência do Brasil, a guerra civil entre liberais e miguelistas, os republicanos derrubam a monarquia e instauram um regímen republicano, depois a 1ª Grande Guerra, o 28 de Maio, o Estado Novo, a 2ª Grande Guerra, a Guerra do Ultramar, o 25 de Abril…
E agora?!

Sem comentários:

Enviar um comentário