quarta-feira, 18 de maio de 2011

Hoje, como é habitual, fui tomar café ao estabelecimento da D. Albertina. Gosto muito daquela senhora, sempre muito atenciosa, com um sorriso e bem-falante; se lhe damos troco, passamos ali um bom bocado a ouvi-la contar as suas histórias e as lembranças que traz consigo, querendo partilhar a saudade, como forma de combater a solidão. Os clientes, são a sua família; ela mesmo o diz. Enviuvara, há alguns anos, e por ali ficara a dar continuidade, ao negócio, que herdara dos pais, e que com o seu falecido marido, reerguera e transformara, de taberna para café.
«Hoje, a D. Albertina, não está nos seus melhores dias?»
Achei-a triste. O sorriso, como sempre esboçava-se no rosto, mas não havia brilho, correspondente nos olhos. Ela é uma mulher muito expressiva, espontaneamente verdadeira, limpa, transparente… Via-se-lhe, com facilidade a alma. E eu, que a conheço, desde sempre, mal entrei, pressenti que, não estava animada.
«Ai, senhor Fernando, problemas!...»
«Mas, não se sente bem? Tem algum problema de saúde?»
Não sou de inquirir, de saber da vida de outros, mas com a D. Albertina tenho essa à vontade, por que é uma pessoa digna, respeitadora, que gosta de falar, mas tem a noção dos limites, sem querer audaciosamente, invadir vida alheia e já partilhámos experiências, confidências… Gosta de desabafar comigo, pedir-me conselhos, ajuda. Às vezes, quando ando mais stressado, também descarrego, alguns de meus problemas, crises existenciais. Sabe ouvir.
«A vida está muito difícil. A minha filha tem andado aflita, com contas para pagar, o dinheiro não lhe chega e eu, ajudo-a no que posso, mas está muito difícil. O senhor Fernando, tem que me ajudar a fazer, aqui, umas contas, por que eu não me entendo.»
Tem uma única filha. Casara, antes de o pai ter falecido e vem, de vez em quando, visitar a mãe, principalmente, quando precisa que ela a ajude.
«Tem a vida dela; a casa, o trabalho, o marido. Quando cá vem, é de fugida!»
Percebera, pelo que me dissera que precisava que a ajudasse a entender, para onde ia o dinheiro, o que é que estava mal, pois não conseguia mais, gerir o seu orçamento.
«Logo, depois das seis, passo por aqui, trago o meu computador e fazemos um esquema, para que entendamos o que está errado.»
Quando voltei, já estava mais bem-parecida, como se eu fosse a solução para os seus problemas financeiros, obter mais rendimentos, em vez, da redução das despesas.
«Vou tentar fazer o seu orçamento mensal, para saber melhor gerir o dinheiro; o que ganha e o que gasta. Vê esta folha. Irei fazer parecido. Este é o meu orçamento mensal. Tenho por hábito escrever, aqui, todas as despesas, principalmente as fixas. Mesmo fixas, variam. Claro, que falta, a alimentação, vestuário, calçado, gasolina, seguros, etc… Chego ao fim do mês sem dinheiro algum e com a sensação que pouco ou nada, comprei para mim. A casa leva tudo.

Orçamento Mensal (despesas fixas)
Receitas
 Euro
Despesas
 Euro








Subsídio
607
Água
71




Electricidade
69




Gaz
50




Cabo Visão
24




Net
27




Telemóvel
30


Sub-total
607
Sub-total
271
Total
336

«Diga-me quais são os seus rendimentos?»
«Eu tenho uma reforma de cem euros…»
«Cem euros?! Não pode ser! Quer dizer, cem contos, na moeda antiga? Quinhentos euros?»
A minha mãe é a mesma coisa; confundem ainda os euros com os escudos.
«Está, aqui o extracto bancário e o valor último, que foi transferido; quinhentos e sessenta e nove euros.»
A reforma dela e a que recebe do marido, totalizam quinhentos e sessenta e nove euros. O que habitualmente lucra do café, e aí tem a ajuda de uma prima, que trabalha num gabinete de contabilidade, é aproximadamente quinhentos euros. Ao todo tem um rendimento mensal de mil euros.
«Pago as despesas à minha filha; a água, é vinte euros, a luz, aproximadamente setenta, o gás, vinte cinco, a internet mais a Cabo Visão andam à volta de setenta euros, a prestação da casa, duzentos euros, dou-lhe para se aviar, setenta euros…»
E, assim, foi-me descriminando todas as despesas fixas. Fui tomando nota, para que ela visse e tivesse uma ideia mais precisa dos sub-totais e de quanto lhe sobraria para se alimentar, vestir, comprar medicamentos e outras despesas.
«Veja, D. Albertina, sobram-lhe trezentos e quarenta e nove euros, para a senhora gastar durante o mês, para além das despesas habituais que tem com a sua filha e as suas.»
«Ai, senhor Fernando, só isso?! É que para além de me alimentar, das despesas na farmácia, e outras, tenho de juntar algum dinheiro, para o seguro da casa, a contribuição autárquica, os impostos… Assim, não dá!»
«D. Albertina, a sua filha tem de também fazer alguns sacrifícios e prescindir de algumas coisas, como por exemplo, a tv por cabo, a net, procurar ser mais económica no consumo da electricidade…Em suma poupar. Por que a senhora não pode ajudá-la, com tanto. Não lhe chega assim. Quanto ganha ela?»
«A minha filha ganha cerca de quatrocentos e oitenta e o meu genro, quinhentos euros.»
«Como assim? Eles os dois têm um rendimento mensal equivalente ao seu! A única despesa que difere da sua é a prestação da casa e a net. A senhora não os pode ajudar em tanto. Se lhes pagasse a renda, já era o suficiente.» A senhora dá-lhes mais duzentos e cinquenta e cinco euros. Tem de falar com a sua filha e dizer-lhe que não pode dar mais do que o valor da prestação da casa.»
«Senhor Fernando, eu tenho um dinheirinho, pouca coisa, junto, e gostaria de o aplicar, mas não sei como, nem aonde. O que me aconselha.»
«D. Albertina, não sei! Eu fiz um Plano de Poupança Reforma. Tem vantagens a nível contributivo. Mas no seu caso, com a sua idade, não me parece que seja vantajoso. Ou compra Certificados de Aforro. Para fazer as subscrições de certificados do Tesouro, agora, em Fevereiro, a taxa ilíquida dos juros distribuídos anualmente, na opção “1.º ao 5.º ano  é de 1,55% . Se fizer uma aplicação a 5 anos a taxa ilíquida de juro anual garantida, é de 5,80% . Há bancos que asseguram a remuneração das poupanças, pelo período de três anos, nos chamados “depósitos a prazo”, com uma taxa fixa e poderá usufruir do rendimento, na altura que mais lhe convier. É uma questão de ver a oferta e fazer a melhor escolha, de acordo com o dinheiro que possui e as suas necessidades e realidade.»
«Tenho de ir ao meu banco e falar com o gerente de conta. Pode ir comigo? Tenho receio de ser enganada!»
«Vou, sim!»
Calha-me sempre a mim! Uma outra vizinha também me pediu que entregasse o IRS, pela net, que era mais fácil, evitava de ir para as filas na repartição das Finanças. Já pedi a senha para ter acesso ao site. Requisitei-a também via net no site das declarações electrónicas (www.e-financas.gov.pt). Depois de ter a senha e inserindo também o número de contribuinte selecciona-se a opção Serviços online / Contribuintes / IRS. Depois é só preencher a declaração. Se houver erros, ainda poderá ser corrigida durante 30 dias após a submissão.

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