quarta-feira, 18 de maio de 2011

«Esta semana, já está tudo mais caro!»
A minha mãe diz sempre a mesma coisa quando vai às compras, pensa que gasta mais. Acredito que haja produtos que em função do crescimento económico e do aumento do preço do petróleo, sejam obrigatoriamente inflacionados. Ela possivelmente tem razão, mas também por vezes, ou quase sempre, exagera nas compras, adquirindo, produtos desnecessários e importados, o que encarece logo o seu cabaz.
«Mãe, por que comprou este frasco de molho de mostarda, para carne? Só, faz mal. É preferível fazê-lo em casa e a mãe fá-lo tão bem! Ainda por cima, made in France. A mãe queixa-se que está tudo mais caro, que a economia está um desastre, que há muitas empresas a fechar, muita gente desempregada e não contribui para o crescimento económico do nosso país. É necessário, que se valorize o que é fabricado em Portugal, para que ajudemos as empresas nacionais a crescer, criar mais postos de trabalho, para que seja mais fácil o restabelecimento da estabilidade económica. Não podemos deitar dinheiro à rua, comprando o que é desnecessário, em vez do essencial. O dinheiro está caro, a taxa de juro, o preço do dinheiro está muito elevado e isso tem precisamente a vez com a inflação, de forma, a que seja combatida e vencida.»
«Tens razão, mas eu tive vontade de comprar e provar. O frasco é tão bonito, a cor da mostarda é apetecível! Eu sei que a minha reforma não aumentou assim tanto, como os bens…»
«Num período de recessão são as pessoas, que trabalhando por conta de outrem, ou são reformadas, auferindo pouco, que são as grandes vitimas da crise. Mas, há que combater isso, procurando também valorizar o dinheiro, consumindo menos, gastando melhor. Há sem dúvida um esforço tanto do Banco Central Europeu, como dos bancos centrais do sistema europeu, os bancos nacionais, em controlar a economia, de forma a criar estabilidade, tanto para quem investe, como consome. Eles querem manter a estabilidade de preços, sem que a inflação exceda os 2%, a médio e longo prazo, para que haja confiança tanto de quem gasta, não temendo assim que o seu dinheiro seja desvalorizado e que para o mês que vem, por exemplo, o que se gastou agora seja muito mais caro, como para quem investe, havendo assim uma confiança maior nos mercados, com alguma garantia de sucesso e não de risco.»
«Mas filho, se o petróleo sobe, tudo sobe, logo os preços disparam.»
«Sim, mãe! Por isso é que existe o Banco Central Europeu, que dá directivas aos bancos nacionais, de forma, que se mantenha estável a economia. Daí dispararem as taxas de juro e havendo sempre um grande controlo sobre o dinheiro em circulação. Se também há muito dinheiro, os preços igualmente disparam. E não é só a inflação que destabiliza e que deve controlada; a deflação, também.»
«Deflação?!»
«Sim, mãe, a deflação! A descida de preços. Se começam a baixar os preços dos bens e serviços, logo cria instabilidade a quem produz, trabalha, e o consumidor também fica sujeito a essa desvalorização constante,
esperando sempre que os produtos baixem ainda mais, para obter o que quer, mais barato.»
«Mas, nós estamos sujeitos à moeda única e isso pode criar desigualdades, em relação aos cidadãos, dos diversos países da U.E.?»
«A desigualdade, sempre existiu, mesmo quando tínhamos o Escudo e não pertencíamos à União Europeia. O problema não está na moeda, mas nas políticas sociais e laborais de cada país, na forma como se investe na educação, estimula a criatividade, produção… A economia de um país tem a ver com o que ele produz, com o que exporta e importa. O Euro procura ser uma moeda forte, que tem como principal concorrente o Dólar. Aí, a questão está relacionada com a economia mundial. Estamos numa fase de poupança, de não se fazer muitos gastos, por que o dinheiro tanto é caro para nós, como para o nosso país, quando faz empréstimos, para combater a divida. Claro que tudo isso se paga, também, com o aumento de impostos e a não subida, de acordo com a inflação dos salários e reformas.»
«Ai, filho, a mãe vai começar fazer compras de produtos nacionais, tentando gastar só no essencial. E fazer poupança, muita poupança; abrir uma conta…»
«Temos todos de poupar em tempo de crise, para que possamos assim contribuir, para uma mais rápida melhoria da economia e consequentemente o bem-estar dos mais desfavorecidos.»
«Sim, mãe! E não nos podemos deixar levar pela publicidade das instituições bancárias ao crédito e ao consumo, pois escondem custos reais dos empréstimos. Alguns bancos não se preocupam em cumprir a lei e não indicam a taxa anual de encargos efectiva global, que permite comparar propostas de crédito. Quando vem mencionada, a informação é escrita com letra muito pequena nos cartazes ou folhetos. Na rádio e na televisão, passa tão depressa que se torna imperceptível. É preciso ter muito cuidado e atenção»

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